Liliana Silva: a experiência de estudar fora e a vida em Londres
Aos 17 anos, Liliana realizou o sonho de morar em Londres para estudar Relações Internacionais, na Universidade de Essex. Dois anos depois, ao longo da nossa conversa, explicou-me como foi tomar esta decisão, o processo pelo qual teve que passar para estudar fora e ainda como gere as saudades dos familiares e amigos.
A decisão de estudar fora…
No 12º ano começou a procurar as faculdades e percebeu que nenhuma se encaixava nas suas expetativas. Desafiada por uma amiga acabou por decidir que estudar fora seria a sua melhor opção. As faculdades eram prestigiadas e poderia melhorar ainda mais o seu inglês. “Quando a minha amiga sugeriu que fosse estudar fora fiquei logo com aquilo na cabeça e já não pensava em Portugal como uma opção”, afirma.
A reação dos pais…
A reação inicial dos pais foi o choque. A mãe pensava que ela iria mudar de ideias e o pai não reagiu muito bem. O primeiro a render-se foi pai, que acabou por aceitar a opção de Liliana. Com a mãe foi mais complicado, a preocupação era bastante, principalmente porque achava que ela era demasiado nova para viver num país estrangeiro sozinha. “No fim, era aquilo que eu queria e eles acabaram por me deixar ir”, confessa.
O processo… (com a “OK Estudante”)
Inicialmente marcou uma reunião no site da “OK Estudante” para perceber melhor como funcionava todo o processo. Este primeiro encontro é muito informativo e serve para esclarecer as dúvidas tanto dos pais como dos estudantes. Só depois é preciso tomar uma decisão. No caso de Liliana, acabou por decidir juntar-se à “Ok Estudante” e em conjunto com eles começou a escolher as universidades e a tratar da sua candidatura, sendo necessário escrever uma declaração pessoal (que explique o interesse pela faculdade escolhida) e duas cartas de recomendações de professores ou de locais onde tenham trabalhado.
Assim, fechou-se a primeira parte do processo. Entretanto recebeu a confirmação da faculdade juntamente com uma oferta condicional: teria que atingir uma determinada média quer no final do secundário, quer num exame de inglês que também é necessário. Quando os resultados saíram apenas foi necessário enviar o certificado de habilitações. Depois soube que tinha sido aceite e que poderia começar as aulas em outubro.
A adaptação a Londres…
“Não vou mentir, a adaptação não foi difícil, nem um choque cultural”. Na fase inicial, ainda era tudo muito entusiasmante, mas quando as coisas começaram a acalmar é que percebeu a dificuldade de viver sozinha: as limpezas, as idas ao supermercado ou até mesmo tratar de todos os problemas que poderiam surgir (com documentos, pagamentos, com o banco). A parte mais complicada talvez tenha sido a adaptação à comida. “A comida era horrível, mesmo quando tentava fazer comida portuguesa não tinha o mesmo sabor. A qualidade é muito má.”.
A adaptação à faculdade também não foi complicada. “Os alunos de primeiro ano são sempre muito ajudados. São organizados bastantes eventos na faculdade para esclarecer dúvidas e ajudar esses alunos.”. No fundo, os primeiros tempos são uma descoberta e tudo é novo, mas não é complicado: “é uma questão de tempo”.
As amizades…
Os amigos que deixou em Portugal continuam a ser praticamente os mesmos. Não é difícil gerir as saudades, basta enviar mensagens e fazer videochamadas. Sempre que vem a Portugal combinam encontrar-se. “Os amigos verdadeiros mantêm-se”.
Os novos amigos, os que conheceu em Londres, são do mundo inteiro. Como as universidades são muito internacionais e têm diversos alunos estrangeiros, Liliana admite que tem amigos de quase todos os continentes. “EUA, India, Nigéria, Brasil… Tenho amigos de todo o lado e é bastante interessante porque parece que ficamos mais abertos às culturas, pessoas e ideias”, afirma Liliana.
As saudades de Portugal…
“No espaço de dois anos apenas passei um total de um mês em Portugal”. Desde setembro que não visita o nosso país e as saudades já se fazem sentir: “Tenho saudades de Lisboa, dos amigos, de passear, de passar um bom tempo. Tenho saudades dos meus gatos, da minha família e da comida da minha mãe. Saudades de casa, dos pasteis de nata e da comida no geral. Saudades do Sol que parece que aí em Lisboa brilha mais.”.
Os sonhos para o futuro…
Aos 19 anos, Liliana já concretizou imensas coisas: é totalmente independente, mora num país estrangeiro e está a tirar o curso que sempre quis. Sente-se totalmente realizada, mas ainda lhe restam concretizar alguns sonhos, tais como conhecer Nova York ou falar fluentemente francês. Este último estava perto de se realizar, mas o Coronavírus estragou-lhe os planos. Talvez num próximo artigo, Liliana nos possa contar a sua experiência em Erasmus (quando os fizer).
Por: Inês Capucho, com um agradecimento especial à minha amiga Liliana Silva